Capítulo 6
“O garoto toma uma decisão. Será a certa?”
Após uma noite de pouco sono, Bryan é acordado pelo tio, que ainda estava de pijama.
- Vem tomar café. Depois vamos para o ginásio treinar. - Disse o tio.
O garoto, com sono, olha para o relógio.
- Mas são quatro e meia da manhã! –
Hector fingiu não ter escutado o quê o sobrinho falou e saiu do quarto. Bryan, após vestir-se, encontra o tio na cozinha da casa, sentado á mesa farta de comida.
- Coma bem agora. O dia vai ser puxado. – Fala Hector.
Ao sentar-se, Bryan vê Fidel deitado nos pés do dono, brincando com seus chinelos.
- Ninguém dorme nessa casa, não é? – Disse Bryan.
- Essa cidade é de trabalhadores e vencedores. Vencedores lutam, a qualquer hora, por um futuro melhor. Olhe pela janela e verá que a cidade já está a toda. –
O garoto olhou pela janela e viu uma rua já movimentada, mesmo antes do sol nascer. Calado, Bryan tomou café e após se arrumar, foi ao carro esperar o tio, que estava fechando a casa. No banco traseiro do carro se encontravam fichas, as mesmas que Hector observara durante a noite anterior. Após o tio chegar ao carro, Bryan o olhou.
- Que fichas são essas? – Perguntou o sobrinho.
- Alguns aparelhos de exercícios, esses de academia, vão chegar hoje e as fichas precisavam ser atualizadas. –
- Que fichas são essas? –
- Cada uma pertence a uma pessoa e nela contem o aparelho e a quantidade de exercícios que essa pessoa deve fazer. A sua está junto. –
- Minha? – Perguntou Bryan com cara de espantado.
- Você acha que wrestling é apenas aprender a fazer os golpes? Precisa de condicionamento e força, rapaz. –
Hector acionou o carro e se dirigiu para o ginásio. Durante o trajeto, Hector falava sobre a cidade e o tempo que Johnny passou nela.
Ao chegarem ao ginásio, encontraram as luzes já acesas e Jerry conversando com um homem ao lado de um caminhão. Jerry, ao ver Hector, o chamou.
- Bryan. Vá lá para dentro e fique olhando o treinamento do pessoal que eu já vou. – Falou o tio.
- Treinamento? JÁ? Cidade estranha essa. – Falou o garoto.
Fingindo que não ouviu o garoto, Hector vai de encontro aos dois homens, já Bryan, obedece o tio e vai olhar o treinamento.
Ao chegar, dá de cara com homens lutando no ringue. Aparelhos de ginástica, que não estavam ali no dia anterior, se encontravam à poucos metros do ringue, sendo observados de longe pelos lutadores que descansavam. Alguns destes wrestlers cumprimentaram Bryan, que os reconheceu ser os mesmos que o fizeram companhia enquanto o tio procurava a cunhada no dia anterior.
- Bryan. –
O garoto se vira e vê o tio.
- Sonhando acordado? – Continuou, com um sorriso no rosto.
- Não. Só observando. –
- Pronto pra começar? –
*10 anos depois*
O ringue do ginásio do Grandes do Ringue estava movimentado. Dois wrestlers deixavam os companheiros boquiabertos. Movimentada não só entre as cordas, mas também fora dele. O treinamento parecia mais uma final de campeonato. Ambos eram da mesma altura e porte físico, apenas se diferenciando pela cor de cabelo (moreno e ruivo) e pequenos traços do rosto.
- VAMOS EL TORO! – Gritou um dos espectadores.
O lutador moreno levantou o braço, sendo aplaudido pela metade das pessoas presentes no ginásio, acompanhando o treino.
- ACABA COM ELE GHOST! – Gritou um homem ao lado do ringue.
Dessa vez a mão levantada foi do ruivo, sendo aplaudido pela outra metade das pessoas.
Os dois tentavam acertar o adversário com socos e chutes, até Ghost empurrar El Toro nas cordas e na volta do oponente tenta acertar um Clothsline, mas sendo recebido com um Spear e indo ao chão. Toro o levanta e coloca a cabeça de Ghost entre suas pernas, se arrumando para executar um Powerbomb, mas acaba tendo as pernas agarradas e sendo levado ao chão. Ghost cruza as pernas de Toro, o vira e está feito um belo Sharpshooter. Visivelmente não suportando a dor, o lutador tenta alcançar as cordas, mas não consegue, e não vendo outra saída, desiste.
As pessoas presentes aplaudem os dois, que se abraçam, elogiando um ao outro, e depois se dirigem ao vestiário.
Já vestidos, conversavam, até que um homem com boa parte dos cabelos já grisalhos se aproxima.
- Bela atuação de vocês dois. Apesar de ser apenas um treino, o resto da galera agiu como se fosse uma luta. – Disse ele.
- Obrigado. – Disse a dupla no mesmo instante.
- Bryan. Vamos para casa, quero conversar com você. – Disse o homem novamente.
- Ok, tio. -
O jovem moreno se levanta e cumprimenta o amigo ruivo.
- Até amanhã, Ramon. – Disse Bryan.
- Até. – Respondeu o amigo.
No carro, Hector vira-se para Bryan.
- Não quer repensar essa gimnick? – Disse ele.
- Não. Ghost quer dizer fantasma. Fantasma dos meus pais. É como se eles me dessem força.
- Entendo. –
- Mas não era isso que o senhor queria falar comigo, era?
- Não. Bryan, recebi uma ligação hoje.
- De quem?
- Bom, um amigo. Ele assistiu você no show de ontem. Assistiu e gravou.
- E...
- Ele mostrou o vídeo para um outro amigo, que trabalha numa federação de wrestling. E essa federação quer fazer um teste com você.
- CARA! QUE SHOW! Que empresa que é?
- Bom, essa é a parte ruim da história. É a GWF, a empresa da família Vázquez.
Bryan ficou em silêncio.
- É a maior do país. Levou a WWE e a TNA a falência. Os melhores estão lá dentro. – Continuou o tio.
- Mas eles sabem quem sou eu? –
- Não. Você só foi identificado como Ghost. –
- Não sei se é seguro. Não só para mim, mas para o senhor também. –
- Rodriguez vai assistir ao seu teste. Como ele faz com todos. –
- Sem a LWF, ele não teria levado ao topo a empresa dele. O que faltava lá, a LWF tinha. Empresa que ele roubou da minha família. –
- E então? –
- Quando mesmo que é esse teste? –
- Em princípio é para ser depois de amanhã, ás 16 horas. –
- Eu topo. E o senhor vai comigo.